Morrem antes de conhecerem o mundo por minha boca
Abortadas, vão parar em uma mesa de bar depois da terceira dose de absinto
Pálidas, solitárias, magricelas, palavras covardes!
Queria compor um soneto com as gêmeas siamesas que abortei quando
Tomei aquele dark dreams noite passada, queria lembrar o que escreveria com elas
Gostaria de senti-las vivas, mas sinto apenas a dor de não conseguir Pari-las
Sou a mãe desnaturada destas palavras abortadas, sou a puta que transa com as idéias
E depois não arca com as conseqüências.
Marginais, drogadas, amaldiçoadas seriam elas se houvessem nascido!
Filhas de uma puta das idéias, idéias que vêm passam uma noite a vão embora
Queria ser mãe certa para estas palavras que morreram,
Sentir a dor do parto, não do aborto, ainda mais, sentir vida, não morte dentro de mim.
Quereria poder parir estas palavras mortas, não abortá-las.
Wenceslau Teodoro Coral, 26 de maio de 2008.
2 comentários:
Talvez seu âmago seja tão autoritário, que não se permite expressar. Afinal, dizer as coisas é o primeiro passo para extingui-las.
Belo texto, mas a vontade de dizer, é por si só um começo...
E a consequência não é o fim.
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