Como é que se cura a angústia
Do medo do vazio do dia-a-dia
Dado o que é dado todos os dias noticiado
Como é que se cura a ferida
Que não aberta, não pode ser fechada
Que não conhece inicio, menos ainda fim
Como é que se luta
Todo dia na labuta, sob o chicote
Etéreo, do patrão sem face ausente
Como é que sei de algo
Quando algo não é sabido se quer
Sequer ser sabido por ação ou inação
Como é que falo de ação
Quando ação de um cão feroz
Silencia a voz de seus cidadãos
Assim é que sei que a angústia
Do medo vazio do dia-a-noite
Que abre a ferida fantasma
Que dói no lombo que luta na labuta
Que não se sabe se enquanto saber
Se sabe-se dever ou luta
Que apavora a alma do que ama
Fenda do vazio sob o chicote dos amos sem face
Angustiados no mosaico de paixões
Que insistem chamar ação.
Assim é que sei.
Talvez.
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