Eu olho a ladeira
e não espero as
lembranças passarem.
Lembranças que lembram
o odor do vinho; dois
corpos bêbados
que lembram dia de
lua cheia.
Corpos em queda pela
ribanceira
vertiginosa das
noites sem olhos
para julgá-los como
amaram naquela noite.
Os mais rotos dos
anjos
que de tão tortos,
sequer lembravam
alguma coisa.
Quer saber?
Acho que não
eu bem que poderia
repetir isso de novo
se ser feliz por mais
uma noite
é aquilo, que fique
na lembrança
e ter aquilo que
sempre quis
quis? quero?
Eu que olho a ladeira:
A Ladeira dos Corpos
A Ladeira-abismo do
amor
Corpos em profusão
libidinosa
Na espiral
descendente
encharcados de vinho
Corpos encharcados de
paixões
como dois niños
que não percebem que
já se foi o dia
de faz de contas,
vivendo o sonho
que os adultos apenas
dardejam ao longe
como ilha deserta no
oceano longínquo
o alvo etéreo de seus
sonhos
Eu adulto que dardejo
meus sonhos por aí,
como anjos tortos de
paixão e vinho,
na esperança de
acertar a desesperança.
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