quinta-feira, janeiro 01, 2009

Crônica

É a fênix que renasce das próprias cinzas, é o dragão que come a própria cauda, é o ciclo de renovação, de morte e desespero que move as nossas vidas em busca de um significado. O que nos leva a dar significado a tudo, mesmo às coisas que não deveriam possuí-lo, dizemos que é desculpa para beber, fazer sexo, sermos felizes por instantes efêmeros e insólitos por vezes.

É o momento único de unir-se toda uma nação na comemoração vazia de um único momento que de tão efêmero se quer necessita divagação, porém, mesmo sendo dessa forma tão fugidio, é assunto para a mais profunda divagação e tristeza do espírito.

É nesse momento que nos damos conta que as nossas promessas que fizemos não serão cumpridas, passamos pelo ritual, ponto final. Amanhã tirarei o meu carro da garagem, enfrentarei trânsito e chegarei à minha sala de trabalho com os nervos enlouquecidos da mesma forma que aconteceu no dia 29, 30... repetindo-se ad infinitum.

E quando novamente a neve estiver a cobrir as pastagens do norte e sol a banhar as praias do sul, iremos novamente para o ritual de morte e renascimento que a nossa sociedade celebra com a mesma contida melancolia, com a mesma “desesperada esperança” que habita o poço profundo de nossas almas. Pois espera-se que tudo mude, assim como o calendário, assim como as estações, assim como toda a boca que beijamos e amamos por uma noite, desejamos por uma noite que tudo fosse diferente.

Feliz ano novo,

Wenceslau T. Coral.