terça-feira, maio 11, 2010

Viagem

Ó, pálida Dama
Dance comigo a última valsa
Beba desta última taça
Para não irdes sóbrio
Sem fuga ou devaneio

Ó, pálido desejo de abandonar tudo
Para deitar-me em lugar mais sereno
Onde não lembre mais deste mundo
Onde possa sentir novas sensações

Ó, grande barqueiro
Guia eterno do meu ser
Leve-me deste lugar
Está aqui a tua moeda

Hecate, receba-me em teus domínios
Deixe que adentre em teus infernos
Que tenha vinho e dança oníricos
Que seja sonho até não ser mais.

Wenceslau Teodoro Coral

Santuário

Santuário

Certa vez, eu sonhei...
Me deparei com uma cena:

Havia um anjo dormindo em meu colo
Nada que eu fizesse conseguia acordá-lo
Era belo e eu o amava

Era um sonho, definitivamente!
Então subimos e eu coloquei-o em seu leito
Não quis pertubá-lo.

Fui embora de seu santuário
Sem perturbar o silêncio divino
Sem fazer com que abrisse seus olhos
Depois de embalar seu sono...
Depois de embalsamar meu coração.

Se o tempo parasse...
Seríamos uma lânguida escultura barroca
A sua face despreocupada em meu colo
Minha dor contida de tê-lo e não tê-lo
Mas quem além de mim poderia estar ali...
Quem além de mim conseguiu chegar até aqui...

Queria ser eterno...
Queria que o tempo não existisse.
Eu apenas quero.
Eu apenas amo.

Lorde Wenceslau, 08 de setembro de 2006. [Modificação em 11/05/2010]

Ode ao caos

Ode ao caos

Eu deveria sentir saudades, um triste pesar
Sim, deveria sentir estas coisas e até outras
Penso que sou meio frio
Penso, peno, repenso, propenso à catástrofe
Abraço o indizível, abraço indizível

Espero que entendam que não entedem
Nem eu a vocês, nem vocês a mim
Abolindo a cultura, eu a liberto para que vá embora
Quero destruir igrejas, templos, bibliotecas

Precisamos renascer com novas mentes
Temos necessidade de mais necessidade
O desejo do vazio absoluto
Reconstruir o sujeito como se cada um fosse uma obra de arte
Sermos arte!
Serdes arte!

Destruir o sujeito como se ele nunca houvesse existido
Liberte-se de seu pai e sua mãe Liberte-se da posição de coitado
Foi o acaso que definiu esta posição
Assim como definiu as palavras, eu e o mundo

Liberte a ética e a moral antiquadas, renova-as com o teu sangue
Seja fluido e abrace-se enquanto transa consigo mesmo
Dê a luz uma nova vida que será retirada da sua cabeça
Seja Zeus, Deus e o diabo!
Sermos arte!
Serdes arte!

Mate os eufemismos e liberem por um segundo os seus desejos
Enfie uma faca até que o cabo encontre as costelas de Deus
Sinta pulsar o sangue divino
Libere a realidade para fluir como o mais belo caos.

Wenceslau Teodoro Coral