quarta-feira, novembro 06, 2013

Efêmera busca

Pisando em ratos como se fosse um deus cruel
Que, do alto, olha para os seres menores
Desprezando-os e os punindo sem motivo qualquer
Apenas ao bel-prazer, traz dor e desconforto

Assim, vai levando seus sentimentos
Fingindo amar como um carrasco que prepara a lâmina
Afiando-a vagarosamente nos sentimentos alheios
Para lhes arrancar violentamente toda esperança
Sangrando lágrimas deixa suas vítimas ao chão

Demiurgo, criador de nada.
Preenche o vazio, criando vazios
De dor e medo que não sabe quando sararão
Prisão dormente onde não crescem lírios

Dor e lágrimas de feridas não saradas
Fenda na carne que sangra
Estertor mortuário de um corpo que exaure
Suas forças à lutar, adiar a derrota
Mártir, crucificado à sombra em uma cruz

Levando a vida como ídolo dos ímpios
Iconoclasta de sentimentos vãos
Não sabe preencher o próprio vazio.
Busca no espelho que são os olhos alheios

A imagem de si que sorria e diga um dia
Que a brisa que corre por sobre a pele
Naquele dia quente, de frente à praia
Beijou os lírios de sonhos já esquecidos
E que carrega um aroma etéreo de lembranças.