terça-feira, agosto 17, 2010

Verlustgeist

O meu amor se foi.
Não foi uma pessoa.
O meu amor se foi.
Não, já disse que não foi uma pessoa.
Não sei. Só sei que se foi.
Como se algo se quebrasse aqui dentro.
Uma pecinha pequenininha aqui dentro do nosso peito.
Como se ela mantivesse alguma coisa que agora não funciona mais.

O meu peito está frio.
Não é o tempo.
O meu peito está frio.
Droga, já disse que não é o tempo.
E nem preciso colocar agasalho.
Como se faltasse lenha na sua lareira.
Como se algo que o aquecesse, já não aquece mais.

Meus olhos já não choram mais.
Mas que merda hein!
Não é falta de água, não estou desidratado.
É como se tivesse vendido a minha alma igual naquele desenho.
Se lembra? Não? Que pena. Eu gostava.
É como se um poço de águas infindas houvesse secado.
Assim, da noite pro dia, do dia pra noite.

Já não sinto o toque quente.
Mas ainda estou vivo e não, não vou brilhar no sol.
É como se nada mais fizesse sentido. Não vivo.
Já disse, não estou morto. Apenas se foi. Tudo.
E como posso apenas existir.
Existir essa insistência na existência opaca de um ficar e não ir à parte alguma.

Morto, sem luto.
E seguir essa existência insistente de não morrer quando já se está morto.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom!