domingo, janeiro 08, 2012

Umbral dos Apaixonados

Impassível face marmórea
Curvada em vigília sepulcral
Aguardava ansiosa o beijo não dado
neste umbral fora do tempo
Dor insiste e persiste: penitência
Cafalso do gozo e do prazer
 
Machado do impossível que desce vertical
pondo fim ao encontro de lábios
que nunca ocorreu
Sentença que vem pôr fim
ao mais perene amor
amor perene que nunca floresceu em vida.

Lábios que beijam a face marmórea
em desafio a sentença anunciada
o toque gélido nos lábios
a lembrança de lençóis cúmplices

Ah! Veneno que não mata
Faz sofrer e gritar e rasgar
sem nunca ter fim

Enquanto a taça da qual sorve toda sua amargura
Imóvel e gelada, não retribui o beijo dado

E o líquido que desce como chama draconiana
dando esperança de um fim quente
apenas traz mais dor e rasgar e molhar de lágrimas
amor, não faz mais esperar
Traga consigo a foice
Seja tu o ceifador, rasgue um fim
Ponha fim a essa febre de amor.

Um comentário:

Mundo da Penumbra disse...

Gostei da energia, do movimento que o poema tem mesmo sendo um tema decadente. Ficou bem imagístico. Parabéns.