quarta-feira, abril 25, 2012

Ladeiras, abismos e sonhos


Eu olho a ladeira
e não espero as lembranças passarem.
Lembranças que lembram
o odor do vinho; dois corpos bêbados
que lembram dia de lua cheia.
Corpos em queda pela ribanceira
vertiginosa das noites sem olhos
para julgá-los como amaram naquela noite.
Os mais rotos dos anjos
que de tão tortos,
sequer lembravam alguma coisa.

Quer saber?
Acho que não
eu bem que poderia repetir isso de novo
se ser feliz por mais uma noite
é aquilo, que fique na lembrança
e ter aquilo que sempre quis
quis? quero?

Eu que olho a ladeira:
A Ladeira dos Corpos
A Ladeira-abismo do amor
Corpos em profusão libidinosa
Na espiral descendente
encharcados de vinho

Corpos encharcados de paixões
como dois niños
que não percebem que já se foi o dia
brincando como toda criança brincaria
de faz de contas, vivendo o sonho
que os adultos apenas dardejam ao longe
como ilha deserta no oceano longínquo
o alvo etéreo de seus sonhos

Eu adulto que dardejo meus sonhos por aí,
como anjos tortos de paixão e vinho,
na esperança de acertar a desesperança.

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